Autismo e telas: quando as telas ajudam e quando podem atrapalhar o desenvolvimento

As telas fazem parte da nossa rotina, celular, tablet, televisão, computador. Elas estão em todos os lugares e, gostemos ou não, também fazem parte da vida dos nossos filhos.

Mas principalmente no caso das crianças autistas, o uso de telas levanta uma dúvida que preocupa muitos pais: 

“Será que as telas ajudam ou atrapalham o desenvolvimento do meu filho?”

A resposta é: depende de como e para quê são usadas. A tela pode ser uma grande aliada no aprendizado e na comunicação, mas também pode se tornar um obstáculo quando usada sem limites.

👍🏻 Quando as telas ajudam

A tela pode ser sim uma ferramenta poderosa de estímulo. Crianças autistas costumam ter um forte interesse por recursos visuais, o que faz com que aplicativos, vídeos e jogos educativos sejam excelentes formas de aprendizado.

Alguns benefícios do uso consciente de telas:

  • Estimula a linguagem: aplicativos de comunicação alternativa ajudam crianças a se expressarem.

  • Facilita o aprendizado: jogos e vídeos educativos ajudam a aprender cores, números, letras, sequências de forma visual e interativa.

  • Favorece o foco e a previsibilidade: vídeos curtos e repetitivos podem ajudar a criança a se sentir mais segura, pois sabem o que esperar.

  • Serve como ferramenta terapêutica: em terapias ABA, fonoaudiologia ou ocupacional, aplicativos específicos ajudam a desenvolver atenção, coordenação, raciocínio, etc.

💡 Dica: sempre que possível, participe do uso. Converse sobre o que está sendo visto, repita palavras, descreva imagens, etc. Isso transforma o tempo de tela em um momento de conexão e aprendizado.

⚠️ Quando as telas atrapalham

O problema começa quando o tempo de tela é excessivo ou sem supervisão.

As telas podem facilmente se transformar em uma “zona de conforto” para a criança, gerando isolamento social, irritabilidade e atraso em outras áreas.

🚫 Sinais de uso excessivo das telas:

  • Dificuldade em parar para fazer outras atividades.

  • Crises quando o tablet ou celular é retirado.

  • Falta de interesse por brinquedos, brincadeiras ou interações reais.

  • Dificuldade de dormir.

O excesso de telas pode intensificar características do autismo, como hiperfoco e resistência a mudanças, além de prejudicar o desenvolvimento motor e a interação social.

⏰ Quanto tempo é saudável?

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, o ideal é:

  • Menos de 2 anos: evitar o uso de telas.

  • De 2 a 5 anos: até 1 hora por dia, sempre com supervisão.

  • De 6 a 10 anos: até 2 horas por dia, equilibrando com atividades físicas e sociais.

  • De 11 a 17 anos: até 3 horas por dia.

Mas mais importante do que o tempo é a qualidade do conteúdo e o envolvimento da família.

Uma hora de tela interativa com o pai ou a mãe pode ser mais rica do que cinco minutos de vídeos repetitivos e passivos.

🧠 O papel das telas nas terapias

Muitos profissionais já utilizam as telas como ferramenta terapêutica. Tablets e aplicativos podem ser usados para:

  • Trabalhar sequência de ações (rotinas, passo a passo, autocuidado).

  • Estimular o raciocínio e a resolução de problemas.

  • Apoiar a comunicação e a alfabetização.

O segredo é o uso direcionado e intencional, dentro de um plano terapêutico. Lembre-se, as telas devem servir à criança e não o contrário.

⚖️ Como encontrar o equilíbrio

Não é necessário proibir o uso de telas, mas ensinar o uso saudável:

  • Estabeleça horários e limites claros.

  • Escolha conteúdos educativos e previsíveis.

  • Interaja junto, sempre que possível.

  • Incentive outras formas de brincar (massinha, blocos, livros, música, etc.).

  • Faça pausas regulares. O ideal são 10 minutos de pausa a cada 30 minutos de tela.

As telas não são inimigas do autismo, elas podem ser uma grande aliada, desde que usada com consciência e limites.

O que realmente faz a diferença não é a presença da tela, mas a presença dos pais. É a sua dedicação diária  que vai ter o maior impacto no desenvolvimento do seu filho.

O equilíbrio é o que transforma o uso de telas de um refúgio solitário em uma ferramenta de conexão e aprendizado.

Com carinho,
Michele Leite
Mãe do Noah e sua companheira de jornada 💙