Regressão no autismo: o que é, por que acontece e como agir
Entenda o que está por trás da perda de habilidades em algumas crianças autistas e como os pais podem agir com calma e segurança diante desse momento.
Publicado em 20/11/2025 por Michele Leite
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Você provavelmente já ouviu falar do termo “stimming”, muito usado quando se fala sobre autismo.
Mas o que ele realmente significa?
A palavra “stimming” vem do inglês self-stimulatory behavior, que significa comportamento auto estimulatório.
São movimentos repetitivos, sons, gestos ou ações que a pessoa faz para regular suas emoções, lidar com estímulos do ambiente ou se expressar.
Balançar o corpo para frente e para trás
Bater as mãos (flapping)
Girar objetos
Fazer sons repetitivos
Andar em círculos
Cheirar, morder ou tocar em objetos de forma repetida
O stimming faz parte do comportamento humano, ou seja, pessoas neurotípicas também fazem stimming. A diferença está na frequência, na intensidade e na função que ele tem para cada pessoa.
Em pessoas neurotípicas, o stimming aparece em situações do dia a dia como:
balançar o pé enquanto pensa;
roer unhas;
clicar a caneta;
enrolar o cabelo;
cantarolar;
mexer em objetos repetidamente.
Esses comportamentos também servem para regular emoções, aliviar ansiedade e ajudar na concentração.
A diferença é que, em pessoas neurotípicas, geralmente são sutis, socialmente aceitos e mais fáceis de controlar.
No caso das pessoas autistas, o stimming é mais intenso, frequente e é essencial para a autorregulação, uma verdadeira necessidade do corpo e do cérebro diante de estímulos sensoriais e emocionais muito fortes.
O cérebro autista processa o mundo de maneira diferente. Sons, luzes, cheiros, texturas e até emoções podem ser mais intensos e desafiadores.
O stimming é uma forma de autorregulação, que ajuda a aliviar o excesso de estímulos, acalmar o corpo e organizar os pensamentos.
👉🏻 Exemplos:
Quando o ambiente está barulhento, balançar o corpo pode ajudar a se sentir mais seguro.
Quando está feliz, bater as mãos pode ser uma forma genuína de demonstrar emoção.
Quando está ansioso, repetir um movimento conhecido traz previsibilidade e conforto.
O stimming, portanto, não é um “comportamento errado”, mas uma resposta natural do corpo autista às sensações e emoções.
Durante muito tempo, o stimming foi visto como algo que precisava ser “corrigido”. Mas hoje sabemos que tentar impedir o stimming à força pode causar mais ansiedade, estresse e sofrimento.
Claro, em alguns casos ele pode se tornar prejudicial, como por exemplo quando a criança se machuca, como bater a cabeça ou morder as mãos.
Nessas situações, o ideal é substituir o comportamento por uma forma mais segura de estimulação, sempre com orientação de um profissional (como terapeuta ocupacional ou analista do comportamento).
Observe o contexto: o stimming acontece por alegria, ansiedade, tédio ou sobrecarga sensorial?
Evite interromper de forma brusca.
Crie um ambiente tranquilo, com menos estímulos visuais e sonoros.
Ensine a criança a identificar e nomear suas emoções (quando possível).
Converse com os profissionais que acompanham seu filho sobre formas de redirecionar o stimming, caso necessário.
Mais do que controlar, o importante é compreender o propósito do comportamento.
O stimming é uma parte natural e importante da forma como muitas pessoas autistas se comunicam, se auto regulam e interagem com o mundo.
Com empatia e compreensão, podemos aprender a enxergar esses movimentos não como algo “estranho” ou “errado”, mas como uma linguagem corporal legítima, que deve ser respeitada e que expressa o que palavras muitas vezes não conseguem dizer.
Com carinho,
Michele Leite
Mãe do Noah e sua companheira de jornada 💙