Stimming no autismo: o que é e por que não deve ser reprimido

Você provavelmente já ouviu falar do termo “stimming”, muito usado quando se fala sobre autismo.

Mas o que ele realmente significa?

A palavra “stimming” vem do inglês self-stimulatory behavior, que significa comportamento auto estimulatório.

São movimentos repetitivos, sons, gestos ou ações que a pessoa faz para regular suas emoções, lidar com estímulos do ambiente ou se expressar.

👉🏻 Exemplos comuns de stimming:

  • Balançar o corpo para frente e para trás

  • Bater as mãos (flapping)

  • Girar objetos

  • Fazer sons repetitivos

  • Andar em círculos

  • Cheirar, morder ou tocar em objetos de forma repetida

💡 Stimming não é exclusivo do autismo

O stimming faz parte do comportamento humano, ou seja, pessoas neurotípicas também fazem stimming. A diferença está na frequência, na intensidade e na função que ele tem para cada pessoa.

Em pessoas neurotípicas, o stimming aparece em situações do dia a dia como:

  • balançar o pé enquanto pensa;

  • roer unhas;

  • clicar a caneta;

  • enrolar o cabelo;

  • cantarolar;

  • mexer em objetos repetidamente.

Esses comportamentos também servem para regular emoções, aliviar ansiedade e ajudar na concentração.

A diferença é que, em pessoas neurotípicas, geralmente são sutis, socialmente aceitos e mais fáceis de controlar.

No caso das pessoas autistas, o stimming é mais intenso, frequente e é essencial para a autorregulação, uma verdadeira necessidade do corpo e do cérebro diante de estímulos sensoriais e emocionais muito fortes.

🤔 Por que o stimming acontece?

O cérebro autista processa o mundo de maneira diferente. Sons, luzes, cheiros, texturas e até emoções podem ser mais intensos e desafiadores.

O stimming é uma forma de autorregulação, que ajuda a aliviar o excesso de estímulos, acalmar o corpo e organizar os pensamentos.

👉🏻 Exemplos:

  • Quando o ambiente está barulhento, balançar o corpo pode ajudar a se sentir mais seguro.

  • Quando está feliz, bater as mãos pode ser uma forma genuína de demonstrar emoção.

  • Quando está ansioso, repetir um movimento conhecido traz previsibilidade e conforto.

O stimming, portanto, não é um “comportamento errado”, mas uma resposta natural do corpo autista às sensações e emoções.

⚠️ Stimming não deve ser reprimido

Durante muito tempo, o stimming foi visto como algo que precisava ser “corrigido”. Mas hoje sabemos que tentar impedir o stimming à força pode causar mais ansiedade, estresse e sofrimento.

Claro, em alguns casos ele pode se tornar prejudicial, como por exemplo quando a criança se machuca, como bater a cabeça ou morder as mãos.

Nessas situações, o ideal é substituir o comportamento por uma forma mais segura de estimulação, sempre com orientação de um profissional (como terapeuta ocupacional ou analista do comportamento).

🫶 Como os pais podem lidar com o stimming

  • Observe o contexto: o stimming acontece por alegria, ansiedade, tédio ou sobrecarga sensorial?

  • Evite interromper de forma brusca.

  • Crie um ambiente tranquilo, com menos estímulos visuais e sonoros.

  • Ensine a criança a identificar e nomear suas emoções (quando possível).

  • Converse com os profissionais que acompanham seu filho sobre formas de redirecionar o stimming, caso necessário.

Mais do que controlar, o importante é compreender o propósito do comportamento.

💬 O stimming como linguagem

O stimming é uma parte natural e importante da forma como muitas pessoas autistas se comunicam, se auto regulam e interagem com o mundo.

Com empatia e compreensão, podemos aprender a enxergar esses movimentos não como algo “estranho” ou “errado”, mas como uma linguagem corporal legítima, que deve ser respeitada e que expressa o que palavras muitas vezes não conseguem dizer.

Com carinho,
Michele Leite
Mãe do Noah e sua companheira de jornada 💙