Terapia ABA e Autismo: Entendendo Benefícios e Críticas

A terapia ABA sob a perspectiva das famílias e da comunidade autista.

Terapia ABA e Autismo: Entendendo Benefícios e Críticas

Quando uma criança é diagnosticada com autismo, uma das primeiras palavras que muitas famílias escutam é "ABA". Mas afinal, o que é essa terapia? Ela funciona mesmo? É indicada para todos os casos? E por que tantos autistas adultos fazem críticas a ela?

Se você é mãe, pai ou cuidador e está com essas dúvidas, este artigo é pra você. Vamos explicar de forma simples e clara o que é a Terapia ABA, seus benefícios, suas críticas e o que considerar antes de escolher esse caminho.

💡 O que é terapia ABA?

ABA é a sigla para Análise do Comportamento Aplicada (do inglês, Applied Behavior Analysis). É uma abordagem baseada na ciência do comportamento humano, que busca ensinar habilidades e reduzir comportamentos prejudiciais por meio de reforços positivos e estratégias individualizadas.

Ela não é uma terapia exclusiva para o autismo, mas tem sido muito utilizada com crianças no espectro por causa da sua estrutura prática e focada em resultados. 

👉🏻 Como a terapia ABA funciona na prática e seus benefícios?

A terapia ABA observa o comportamento da criança, entende os contextos em que ele acontece e propõe formas de ensinar habilidades de maneira gradual e positiva. Cada plano é individualizado, considerando o perfil, as necessidades e os interesses da criança.

Alguns benefícios da terapia ABA são:

⚠️ Quais são as principais críticas sobre a terapia ABA feita pela comunidade autista?

Apesar dos benefícios relatados por muitas famílias, parte da comunidade autista faz críticas importantes à terapia ABA, especialmente à forma como ela foi (ou ainda é) aplicada em alguns contextos:

  1. Tentar “mascarar” o comportamento autista
    Muitas abordagens tradicionais tentavam fazer a criança parecer "menos autista" e "mais normal", forçando contato visual, impedindo movimentos como o stimming (autoestimulação para autoregulação através de movimentos e/ou sons) e ensinando respostas padronizadas e robotizadas. Isso, para muitos autistas adultos, é visto como um apagamento da identidade.

  2. Experiências traumáticas na infância
    Relatos de adultos autistas apontam que a terapia ABA foi vivenciada como algo doloroso: sessões longas, sem pausa, com reforços forçados, falta de escuta e, em alguns casos, punições. Isso deixou marcas e gera desconfiança e insegurança até hoje.

  3.  Carga horária excessiva
    Tradicionalmente, a terapia ABA era indicada com até 40 horas semanais. Muitos consideram isso um exagero que rouba da criança o tempo de brincar, descansar e conviver de forma mais livre.

  4. Pouca escuta da criança
    Em alguns casos, a criança é levada a repetir comportamentos e comandos sem que seus sentimentos e vontade sejam considerados. Isso gera frustração e pode desrespeitar suas necessidades.

  5. Falta de adaptação à neurodiversidade
    A ABA precisa ser atualizada para entender que o autismo não é um defeito a ser corrigido, mas uma forma diferente de ser. As terapias precisam focar na autonomia, comunicação e bem-estar, e não em apagar sinais do autismo.

🤔 E então? A terapia ABA é boa ou ruim?

A resposta é: depende de como ela é feita. Terapia ABA não deve ser uma cartilha rígida onde todas as crianças são tratadas da mesma maneira. Precisa ser humanizada, adaptada, afetiva e ética.

A boa terapia ABA é aquela que:

Como mãe, eu acredito que nenhuma terapia vale a pena se não houver respeito, escuta e humanidade. Uma boa terapia ABA é personalizada, feita por profissionais capacitados, acompanhada de perto pela família e sempre respeitosa com a criança.

🧠 Terapia ABA não é a única opção

A terapia ABA pode ser uma boa ferramenta, mas não é a única opção. Há diversas abordagens terapêuticas que também apoiam o desenvolvimento de crianças autistas, como a Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Psicoterapia Infantil, entre outras.

A escolha deve ser feita com cuidado, informação e sempre que possível, ouvindo também os autistas adultos que viveram essa realidade.

Antes de escolher qualquer abordagem, busque profissionais comprometidos, que escutem sua família e respeitem quem seu filho é.

Nem tudo que funciona é certo e nem tudo que é certo serve para todos. O melhor caminho é sempre o que une conhecimento, respeito e amor.

Com carinho,
Michele Leite
Mãe do Noah e sua companheira de jornada 💙

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