Hiperfoco no Autismo: Como Transformar em Ferramenta de Aprendizado e Conexão

Descubra como acolher e usar o hiperfoco no autismo para estimular habilidades, fortalecer vínculos e promover o desenvolvimento de forma respeitosa.

Hiperfoco no Autismo: Como Transformar em Ferramenta de Aprendizado e Conexão

O autismo carrega muitos desafios, mas também revela características únicas e surpreendentes em quem vive dentro do espectro. Um desses traços é o hiperfoco uma característica que, quando bem compreendida, pode se transformar em uma poderosa ferramenta de aprendizado, conexão e desenvolvimento. 


Se você é mãe, pai, cuidador ou educador de uma criança autista, talvez já tenha observado esse comportamento de perto: a criança que passa horas obcecada por letras, dinossauros, mapas ou planetas. Que repete um mesmo vídeo dezenas de vezes. Que se lembra de detalhes inacreditáveis sobre um tema específico. Isso nada mais é que o hiperfoco em ação.


🤔 O que é o hiperfoco?

O hiperfoco é um estado de concentração intensa e profunda em um assunto ou atividade específica. É comum em pessoas autistas e pode durar minutos ou até mesmo horas. Durante esse período, é como se todo o resto deixasse de existir. A atenção fica totalmente voltada para aquilo que desperta interesse.


🚫 Hiperfoco não é birra ou teimosia

Muitas vezes, quem está de fora pode interpretar o hiperfoco como "teimosia" ou "obsessão". Mas não é isso. É uma forma de processar o mundo, de organizar o pensamento e, em muitos casos, de encontrar conforto.


Entender o hiperfoco como uma característica neurológica é o primeiro passo para acolher sem tentar reprimir. 


🌟 Como aproveitar o hiperfoco de forma positiva?

  1. Use o interesse como porta de entrada
    Se a criança ama dinossauros, por que não usar esse tema para ensinar cores, números ou letras? Transformar o hiperfoco em ferramenta pedagógica é uma estratégia valiosa.

  2. Reforce a autoestima
    Ao perceber que seu conhecimento sobre o assunto é valorizado, a criança se sente competente e segura. E isso impacta positivamente outras áreas da vida.


  3. Integre outros ao universo da criança
    Convidar amigos, colegas ou professores a participarem do tema de interesse da criança pode facilitar a inclusão e gerar conexões sociais mais naturais. Lembre-se que essa conexão é essencial para que a criança se sinta segura e queira interagir com você.
     

🆘 Quando buscar ajuda profissional?

O hiperfoco por si só não é um problema. Mas se ele estiver comprometendo a rotina, causando isolamento extremo ou impedindo a aprendizagem de outras habilidades importantes, é importante conversar com profissionais como psicólogos ou terapeutas ocupacionais.


💧 Exemplo real: o hiperfoco do Noah com água


O meu filho Noah tem um verdadeiro fascínio por água. Piscinas, praia… se dependesse dele, essas seriam as únicas atividades do dia. Com o tempo, esse hiperfoco passou a trazer alguns desafios, como quando tentamos passear em parques com lagos  e ele não compreende o perigo, acredita que qualquer lugar com água é feito para nadar.

Mas algo mudou quando passamos a observar esse interesse com mais atenção e empatia. Percebemos que a piscina não era só diversão: era também um espaço de felicidade, conforto e conexão. Começamos então a usar esse momento como uma oportunidade de vínculo, e também como um ambiente para estimular novas habilidades de forma respeitosa.

Com segurança, sensibilidade e as estratégias certas, o que parecia ser “só um hiperfoco” se transformou em uma poderosa ferramenta de desenvolvimento.


🔑 Considerações finais

A chave é: Acolher. O hiperfoco não é um defeito. É uma parte da forma como a criança autista enxerga e se conecta com o mundo. E, quando usado com respeito e criatividade, ele pode ser uma ponte linda de desenvolvimento e afeto. 


Com carinho,
Michele Leite
Mãe do Noah e sua companheira de jornada 💙

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