Autismo ou atraso no desenvolvimento? Como diferenciar e quando buscar ajuda
Entenda as diferenças entre atraso no desenvolvimento e sinais de autismo, e saiba quando é a hora de procurar ajuda profissional para apoiar o seu filho.
Autismo ou atraso no desenvolvimento? Como diferenciar e quando buscar ajuda
Nos primeiros anos de vida, cada criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento. Algumas falam mais cedo, outras andam mais rápido, e isso faz parte das diferenças naturais da infância.
Mas quando o atraso em algumas habilidades começa a chamar atenção, é comum que os pais fiquem em dúvida: será apenas um atraso no desenvolvimento ou pode ser sinal de autismo?
Essa é uma preocupação legítima e buscar informação é o primeiro passo para ajudar a criança.
O que é atraso no desenvolvimento?
Um atraso no desenvolvimento acontece quando uma criança não atinge os marcos esperados para a sua idade no tempo previsto, em uma ou mais áreas do desenvolvimento infantil, mas mantém o mesmo padrão natural de interesse, aprendizado e interação, apenas com um ritmo mais lento.
Essas áreas incluem:
- Desenvolvimento da fala e linguagem
A criança demora para começar a falar, forma frases mais tarde ou tem vocabulário menor do que o esperado para a idade.
Porém, ela tenta se comunicar de outras formas: olha, aponta, gesticula, busca contato visual e entende o que é dito. - Desenvolvimento motor
Pode demorar mais para sentar, engatinhar, andar, pular ou correr.
Mas segue evoluindo gradualmente, com estímulo e acompanhamento. - Desenvolvimento cognitivo (aprendizado e raciocínio)
Pode ter dificuldade em resolver problemas simples, memorizar ou prestar atenção, mas demonstra curiosidade e vontade de aprender. - Desenvolvimento social e emocional
É comum ser mais tímido ou inseguro em interações, mas ainda demonstra interesse em brincar com outras pessoas, sorrir e buscar atenção dos adultos.
Muitas vezes, esses atrasos podem ser superados com estímulos adequados e acompanhamento profissional.
O que caracteriza o autismo?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) não se resume apenas a atrasos, ele é caracterizado por diferenças no desenvolvimento neurológico que afetam principalmente a comunicação, a interação social e o comportamento.
Essas características variam muito de pessoa para pessoa, por isso se usa o termo “espectro”, porque existem diferentes níveis de suporte e formas de manifestação.
- Dificuldades na comunicação e interação social
Pode haver atraso na fala ou formas diferentes de se comunicar (como usar gestos, ecolalia, ou preferir ficar em silêncio).
A criança pode ter dificuldade em manter contato visual, responder quando é chamada, compreender expressões faciais ou se envolver em brincadeiras compartilhadas.
Muitas vezes, prefere brincar sozinha ou tem dificuldade para iniciar e manter interações sociais. - Comportamentos repetitivos e interesses restritos
Movimentos repetitivos (como balançar o corpo, chacoalhar as mãos, girar objetos, alinhar brinquedos, etc).
Interesses muito intensos e específicos, como por um tema, brinquedo ou objeto. (ex.: fascinação por letras, números, ventiladores, dinossauros, etc.)
Necessidade de rotina e previsibilidade, mudanças podem causar muita frustração, desconforto ou crises. (ex.: mudar o caminho da escola ou trocar o prato do almoço). - Diferenças no processamento sensorial
A pessoa pode ser hipersensível (se incomodar com sons, luzes, cheiros, texturas) ou hipossensível (buscar estímulos de forma intensa, como cheirar, apertar, pular ou encostar em tudo).
Essas diferenças sensoriais influenciam muito o comportamento e a forma de reagir ao ambiente. - Forma única de perceber o mundo
O autismo não é apenas sobre “dificuldades”, mas sobre uma forma diferente de pensar, sentir e se relacionar com o ambiente.
Cada pessoa autista tem suas próprias habilidades, interesses e desafios, por isso é essencial respeitar o ritmo e a individualidade de cada uma.
Esses comportamentos são comuns no espectro autista e mostram uma forma diferente de perceber e reagir ao mundo.
O diagnóstico não pode ser feito apenas comparando marcos de desenvolvimento, mas sim observando o conjunto de sinais.
Quando buscar ajuda?
É natural que cada criança tenha o seu próprio ritmo, mas existem limites de tempo que, se ultrapassados, merecem atenção.
Quando um marco importante do desenvolvimento (como falar, andar, interagir ou responder ao nome) demora muito mais que o esperado, é fundamental procurar uma avaliação profissional (como pediatra do desenvolvimento, neuropediatra, fonoaudiólogo ou terapeuta ocupacional).
Não é necessário esperar, quanto antes for feita uma avaliação com profissionais especializados , maiores são as chances de intervenção precoce e evolução positiva.
⚠️ Sinais que indicam que é hora de buscar ajuda:
Aos 12 meses:
- Não reage a sons, não balbucia, não aponta, não faz gestos como “tchau” ou “não”.
- Parece “alheia” ao ambiente, não responde ao nome ou evita o olhar.
Aos 18 meses:
- Não fala palavras isoladas (como “mamãe”, “papai”).
- Não imita sons, gestos ou ações simples.
- Mostra pouco interesse em brincar ou interagir com outras pessoas.
Aos 2 anos:
- Não forma frases simples (“quero água”, “cadê mamãe”).
- Tem fala muito limitada ou incompreensível.
- Mostra comportamentos repetitivos ou resistência a mudanças.
A qualquer idade:
- Regride em habilidades que já tinha (por exemplo, falava e parou de falar).
- Parece “viver no próprio mundo”.
- Apresenta muita dificuldade em lidar com sons, texturas, luzes ou transições.
O papel da intervenção precoce
Buscar ajuda não significa rotular a criança, e sim entender o que ela precisa para se desenvolver da melhor forma possível.
Seja atraso ou autismo, a intervenção precoce, com terapias adequadas (fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia, entre outras), ajuda a criança a desenvolver habilidades e melhora sua qualidade de vida.
Muitos pais têm medo do diagnóstico, mas o verdadeiro risco está na demora em agir.
O apoio certo, no momento certo, pode transformar completamente o futuro da criança.
O diagnóstico precoce abre caminhos para o cuidado, para a evolução e para uma vida com mais autonomia e bem-estar.
Com carinho,
Michele Leite
Mãe do Noah e sua companheira de jornada 💙